terça-feira, 29 de janeiro de 2019

QUANTOS HEXÁGONOS EXISTEM NA BIBLIOTECA DE BABEL? (Um rápido exercício de Combinatória)

Esta postagem nada mais é do que uma mera curiosidade sobre o conto A Biblioteca de Babel, do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Muito embora o conto seja de uma profundidade tão grande que consiga maravilhar e assombrar os pensamentos do leitor com intensidade renovada a cada releitura, acabei resistindo ao impulso de escrever uma análise detalhada da obra. Acredito, sem pesar, que fiz bem, pois as interpretações que se pode extrair da história são incontáveis, e não há nada melhor do que simplesmente ler o brilhante texto original.

Assim, neste breve artigo, procuro apenas responder à seguinte pergunta: no universo descrito por Borges, quantas galerias hexagonais existem na supostamente infinita Biblioteca de Babel?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

O QUE É O TEMPO?: Uma abordagem científica, histórica e filosófica

Quando paramos para pensar sobre o que é o tempo, a primeira sensação que temos é a de estarmos tratando de algo íntimo e familiar: o passar das horas, o tic-tac do relógio, a alternância previsível entre dias e noites, as páginas do calendário virando em ritmo constante, a quantidade de aniversários que já fizemos... Eu sei que, se eu programar meu despertador para tocar às 7 e meia, vou acordar com o sol já radiante atrás da janela. Sei que em poucos minutos a água no forno estará fervendo e que levará só mais alguns segundos para que o sachê submerso na água quente libere todo seu aroma e sabor. Sei  ou melhor, sinto, sem nem pensar nisso  que meu banho durará cerca de sete minutos e que em não mais do que o dobro desse tempo eu já terei trocado de roupa e escovado os dentes. Tenho em mim a noção de quanto trabalho vou conseguir realizar durante o dia e organizo minha agenda de acordo com a relação que eu sempre tive com o transcorrer do tempo, o qual eu conheço tão bem. E como não conheceria, se estou com ele desde que nasci? Em nenhum momento da minha vida eu passei "sem tempo", nunca vivi algo que não possa ser computado em anos, meses, dias, minutos ou segundos; pensar diferente seria um contrassenso. É óbvio que ninguém ocupa um lugar "sem espaço", então como alguém poderia passar um segundo "sem tempo"? Tudo o que fazemos, fazemos em certo tempo, e tudo o que somos, somos no tempo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

MOTIVAÇÃO (por G. W. Leibniz)

"Meu princípio consiste em trabalhar pelo bem geral, sem me preocupar se alguém aprecia o que estou fazendo. Creio que esse é um modo de imitar a divindade, que sempre cuida do bem do universo, quer os homens reconheçam isso ou não. Muitas vezes já me ocorreu que pessoas que estavam com problemas comigo não me prestaram reconhecimento, mas isso nunca me desanimou. Muito menos me desanimaria se o público, que carece de informação, não levasse em conta meus esforços em direção ao bem de todos" – G. W. Leibniz (matemático, filósofo e teólogo do século XVII, responsável pelo desenvolvimento do Cálculo moderno e de ideias imprescindíveis nos campos da lógica, da linguística, da semiótica e do direito).

CONTO: Quem se Contenta – Italo Calvino

Conto extraído do livro "Um General na Biblioteca", de Italo Calvino (Companhia das Letras, 2010).

QUEM SE CONTENTA – ITALO CALVINO 

Havia um país em que tudo era proibido. 

Ora, como a única coisa não proibida era o jogo de bilhar, os súditos se reuniam em certos campos que ficavam atrás da aldeia e ali, jogando bilhar, passavam os dias. 

E como as proibições tinham vindo paulatinamente, sempre por motivos justificados, não havia ninguém que pudesse reclamar ou que não soubesse se adaptar.

Passaram-se os anos. Um dia, os condestáveis viram que não havia mais razão para que tudo fosse proibido e enviaram mensageiros para avisar os súditos que podiam fazer o que quisessem.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

ENTRETENIMENTO, INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO (na literatura e na matemática)

Existem muitos tipos de literatura, muitos tipos de matemática e muitas formas de se aproximar de uma e de outra. No campo da literatura, o filósofo A. D. Sertillanges, autor de "A Vida Intelectual", classifica as leituras em três espécies principais: segundo ele, existe a leitura de entretenimento, que é aquela que fazemos apenas para passar o tempo, só para nos distrair do cotidiano (best-sellers fugazes, romances água-com-açúcar, ficções sem grandes inovações); existe a leitura de informação, que é aquela que nos traz algum conhecimento sobre os fatos do mundo, fornecendo relatos sobre acontecimentos relevantes do passado ou do presente (notícias, reportagens, textos históricos); e existe, ainda, a leitura de formação, que é aquela que, entretendo ou não, apresentando informações ou não, causa alguma forte transformação no leitor. Trata-se daquele tipo de obra que modifica de verdade quem a lê, que nos faz enxergar relações significativas que antes mantinham-se ocultas dos nossos olhos e que nos induz a vislumbrar perspectivas até então nunca cogitadas sobre o mundo em geral. Uma leitura de formação, como um Crime e Castigo ou um Cidades Invisíveis, por exemplo, fortalece o espírito em caráter permanente e faz com que as ideias nela contidas acompanhem o leitor pela vida toda, mesmo quando ele nem percebe que seus pensamentos e suas ações teriam sido outros se não fosse a existência daquela leitura.