quarta-feira, 13 de março de 2019

O PROBLEMA DE KEKULÉ – o inconsciente e as origens da linguagem, por Cormac McCarthy

Cormac McCarthy é mais conhecido pelo grande público como sendo um escritor de livros de ficção. Entre seus trabalhos se destacam Meridiano de Sangue (elogiado por David Foster Wallace como sendo superior ao clássico Moby Dick), Todos os Belos Cavalos, A Estrada (vencedor do prêmio Pulitzer) e Onde os Velhos não têm Vez (este último levado às telas pelos irmãos Coen em 2007 no premiado Onde os Fracos não têm Vez). Apesar de ser um dos escritores mais importantes das últimas décadas, McCarthy raramente dá entrevistas, preferindo manter a privacidade.

Conhecendo os livros do autor, quase todos escritos sem grandes rebuscamentos e narrando histórias sempre muito diretas e povoadas de personagens rústicos, o leitor pode se espantar de saber que esse recluso senhor de poucas palavras é membro do Instituto de Santa Fé, tendo interesses variados em diversas áreas da ciência e da filosofia, em especial em assuntos envolvendo linguística, história da matemática, neurociência, inteligências não-humanas e pesquisas concernentes à natureza da consciência e aos paradoxos da mente inconsciente.

sábado, 9 de março de 2019

À PROCURA DE UM MESTRE: uma parábola sufi

Muitas vezes as pessoas me perguntam por que eu, formado em Direito, resolvi estudar Matemática. Eu, fazendo um resumo de uma trajetória cheia de incertezas e descobertas, respondo que a verdade é que desde o começo a Matemática sempre foi a minha real vocação e que o Direito, embora útil para minha maturidade em diversos aspectos, foi um "erro de percurso".

A história abaixo, bastante simples, mas carregada de significados, talvez seja simbólica para fazer as pessoas entenderem essa mudança tão incomum do empenho em uma área profissionalmente promissora e socialmente prestigiada para o estudo de uma matéria que, para os leigos, parece tão destituída de méritos ou sequer de relevância para a vida prática.

Ouvi essa história há já algum tempo, e a princípio não dei muita atenção para ela, mas, por algum motivo, ela ficou gravada na minha memória. Quando finalmente decidi trocar a fantasia sufocante de ternos, gravatas, processos, audiências e confrontos humanos muitas vezes mesquinhos e contraproducentes pela pureza libertadora do raciocínio lógico, dos teoremas e das relações profundas e abstratas, essa pequena parábola sufi finalmente se revelou em toda a sua luminosidade para mim, e desde então conto essa historinha para todo mundo que se interessa.