Cormac McCarthy é mais conhecido pelo grande público como sendo um escritor de livros de ficção. Entre seus trabalhos se destacam Meridiano de Sangue (elogiado por David Foster Wallace como sendo superior ao clássico Moby Dick), Todos os Belos Cavalos, A Estrada (vencedor do prêmio Pulitzer) e Onde os Velhos não têm Vez (este último levado às telas pelos irmãos Coen em 2007 no premiado Onde os Fracos não têm Vez). Apesar de ser um dos escritores mais importantes das últimas décadas, McCarthy raramente dá entrevistas, preferindo manter a privacidade.
Conhecendo os livros do autor, quase todos escritos sem grandes rebuscamentos e narrando histórias sempre muito diretas e povoadas de personagens rústicos, o leitor pode se espantar de saber que esse recluso senhor de poucas palavras é membro do Instituto de Santa Fé, tendo interesses variados em diversas áreas da ciência e da filosofia, em especial em assuntos envolvendo linguística, história da matemática, neurociência, inteligências não-humanas e pesquisas concernentes à natureza da consciência e aos paradoxos da mente inconsciente.
O Instituto de Santa Fé (Santa Fe Institute), atualmente presidido pelo teórico evolucionista David Krakauer, é uma instituição independente sem fins lucrativos destinada ao estudo multidisciplinar dos princípios fundamentais de sistemas adaptativos complexos, incluindo sistemas físicos, computacionais, biológicos e sociais.
No artigo “The Kekulé Problem”, Cormac McCarthy traz à tona ideias muito relevantes a respeito da origem da linguagem e do funcionamento do inconsciente. De acordo com David Krakauer, o que mais causa perplexidade nele e em McCarthy desde quando, há cerca de duas décadas, eles se puseram a pensar a respeito dos quebra-cabeças da evolução da linguagem, é o fato de que a capacidade humana para um poder de expressão quase infinito, oriundo de uma gramática combinatória, tenha sido construída sobre as fundações de um cérebro animal muito mais primitivo. Para tentar explicar como esses dois sistemas evolutivos se conciliaram, Cormac expressa a tensão aí existente especulando uma profunda suspeita, talvez até certo desprezo, por parte da inconsciência anciã em relação à novata linguagem consciente.
Embora existam no artigo algumas opiniões com as quais eu não concorde em plenitude, as ideias de McCarthy sobre o tema são tão interessantes que mereceram a tradução que segue abaixo.
O PROBLEMA DE KEKULÉ – por CORMAC MCCARTHY
De onde surgiu a linguagem?
Tradução de Gustavo Lopes Perosini
Eu o chamo de “O Problema de Kekulé” porque, da miríade de casos em que problemas científicos foram resolvidos durante o sono do pensador, o de Kekulé provavelmente é o mais conhecido. Ele estava tentando encontrar a configuração da molécula de benzeno e suas elucubrações não estavam tendo muito progresso. Então ele adormeceu em frente a um fogo aceso e teve seu famoso sonho de uma serpente enrolada em um arco mordendo a própria cauda – o símbolo de ouroboros da mitologia – e acordou exclamando para si mesmo: “é um anel! A molécula tem o formato de um anel!”. Vejamos. O problema – não aquele em que Kekulé estava pensando, mas o nosso – é o seguinte: se a mente inconsciente é capaz de compreender com precisão a nossa linguagem (pois, de outra forma, ela nem sequer teria entendido a questão a respeito da molécula), então por que ela não se dirigiu ao Kekulé com algo simples e direto como: “Abra os olhos, Kelulé! É um anel”, ao que o cientista poderia ter respondido: “Opa, beleza. Peguei a ideia. Obrigado.”?
Por que a serpente? Isto é, por que o inconsciente é tão esquivo ao falar com a gente? Por que as imagens, as metáforas, os símbolos? Por que os sonhos, afinal?
Um ponto lógico a partir do qual pensar a questão seria definir, em primeiro lugar, o que é o inconsciente. Para fazer isso nós temos que deixar de lado todos os jargões da psicologia moderna e voltar à biologia. O inconsciente, antes de qualquer outra coisa, é um sistema biológico. Para dizer da forma mais concisa – e acurada – possível, o inconsciente é uma máquina para operacionalizar um animal.
Todos os animais têm um inconsciente. Se não tivessem, eles seriam plantas. Mas vale a pena ressaltar que às vezes nós acabamos dando créditos aos nossos inconscientes por afazeres que eles na verdade não executam. O que ocorre é que sistemas com certo nível de exigência podem requerer seus próprios mecanismos de administração. A respiração, por exemplo, não é controlada pelo inconsciente, mas por um centro nervoso na medula oblongata. Exceto, é claro, no caso dos cetáceos, que só respiram quando emergem na superfície em busca de ar. Um sistema autônomo não funcionaria aqui. O primeiro golfinho anestesiado em uma mesa de operações simplesmente morreu. (Como eles fazem para dormir? Eles alternam o sono, dormindo com metade do cérebro de cada vez.) Mas os afazeres do inconsciente estão além do que podemos contar. Ele faz de tudo, desde coçar uma irritação na pele até resolver problemas de matemática.
Os problemas em geral costumam ser bem apresentados e estabelecidos em termos de linguagem, e a linguagem permanece uma ferramenta útil para explicá-los. Mas o verdadeiro processo do pensamento – em qualquer disciplina – é majoritariamente um trabalho do inconsciente. A linguagem pode ser usada para explicar em síntese os pensamentos de alguém, proporcionando um ponto de apoio para organizar a conversa e o pensamento, funcionando como uma espécie de mapa. Mas se você acredita que você realmente usa a linguagem na solução dos problemas, eu gostaria que você entrasse em contato comigo e me explicasse como você faz isso.
Certa vez eu comentei com alguns dos meus amigos matemáticos que o inconsciente parece ser melhor em matemática do que eles. Meu amigo George Zweig chama isso de “Modo Noturno”. Tenha em mente que o inconsciente não possui caneta, lápis ou caderno de anotações, e ele certamente não possui borracha. Mas que ele resolve problemas de matemática é algo fora de dúvida, e sua capacidade para tal é indisputável. Como ele faz isso? Quando eu sugeri aos meus amigos que o inconsciente talvez faça tudo sem nem usar numerais, muitos deles, após um tempo, chegaram à conclusão de que isso é mesmo uma possibilidade. Como isso acontece, nós não sabemos. Assim como nós não sabemos como é que a gente faz para conseguir conversar. Se eu estou falando com você, então dificilmente eu estarei ao mesmo tempo planejando as frases que devem se seguir às que eu estou pronunciando agora. Eu estou totalmente ocupado em falar com você, e é pouco provável que uma parte da minha mente esteja articulando as frases e depois as transmitindo para mim a fim de que eu possa repeti-las na sequência. Além do fato de que eu estou ocupado, isso iria provocar uma regressão sem fim. A verdade é que existe aqui algum processo ao qual a gente não tem nenhum acesso. É um mistério opaco em total escuridão.
Existem pessoas influentes entre nós que afirmam acreditar que a linguagem seja um processo totalmente evolutivo. Afirmam que ela apareceu no cérebro em uma forma primitiva e então cresceu até atingir toda sua utilidade. Algo como o que aconteceu com a visão, provavelmente. Mas hoje sabemos que a visão é rastreável a pelo menos algumas dúzias de histórias evolutivas independentes. Essas histórias aparentemente começam com um órgão ainda simplório capaz de perceber luz, de onde qualquer oclusão sugeria a presença de um predador. E isso de fato proporciona um excelente cenário para a seleção natural darwiniana. Pode ser que aquelas pessoas influentes às quais eu me referi fiquem imaginando todos os mamíferos esperando a linguagem aparecer. Eu não sei. Mas todos os indicativos são de que a linguagem apareceu apenas uma vez e em uma única espécie, em meio à qual ela se espalhou com considerável velocidade.
Existem alguns exemplos de sinalização no mundo animal que podem ser tomados como uma proto-linguagem. Esquilos, entre outras espécies, têm um tipo de alarme para predadores aéreos e outro para os do chão. Falcões são distinguidos de gatos e raposas. Muito útil. Mas o que falta aqui é a ideia central da linguagem – a de que uma coisa pode ser outra coisa. Essa é a ideia que Helen Keller de repente entendeu tão bem: que o signo para água não é apenas o que você usa para conseguir um copo de água. Ele é o copo de água. É, de fato, a água no copo. Veja isso em A História da Minha Vida (The Story of my Life), de Helen Keller. Duvido que você fique de olhos secos depois dessa história.
A invenção da linguagem foi percebida de uma vez como algo incrivelmente útil. De novo, parece que ela se espalhou pela espécie quase que instantaneamente. O problema imediato foi o de que parecia haver mais coisas a serem nomeadas do que sons com os quais nomeá-las. Acredita-se que a linguagem se originou no sudoeste da África e pode até ser que os “cliques” das linguagens dos Khoi-san – incluindo o Sandawe e o Hadza – sejam reminiscentes atávicos dessa necessidade de uma maior variedade de sons. Os problemas vocais foram aos poucos manejados por meio da evolução – e aparentemente em pouco tempo – com mudanças físicas que tornaram nossa garganta mais larga a fim de modular os sons para o discurso. Mas isso não foi sem um custo. A laringe moveu-se para baixo da garganta de tal forma a nos tornar uma espécie altamente vulnerável a se engasgar com a própria comida – uma causa de morte não tão rara. Isso também fez com que nos tornássemos os únicos mamíferos incapazes de engolir e vocalizar ao mesmo tempo.
O tipo de isolamento que nos deu pessoas altas e pessoas baixas, pessoas negras e pessoas brancas, além de outras variações na nossa espécie, não serviu de proteção contra o avanço da linguagem. Ela cruzou montanhas e oceanos como se eles não estivessem ali. Mas isso foi por causa de alguma necessidade? Não. Os outros mais de cinco mil mamíferos que existem por aí estão muito bem sem ela. Mas foi útil? Claro que sim. Nós podemos apontar que quando a linguagem chegou para nós ela não tinha para onde ir. O cérebro não a estava esperando nem tinha feito planos para a sua chegada. Ela simplesmente invadiu aquelas áreas do cérebro que eram as menos dedicadas. Em conversa no Instituto de Santa Fé, eu sugeri uma vez que a linguagem deve ter atuado de forma muito parecida à invasão de um parasita, e David Krakauer – o presidente do instituto – disse que a mesma ideia já tinha lhe ocorrido. O que me agradou muito, porque o David é muito inteligente. Nossa conclusão, por outro lado, não significa que o cérebro humano não estava de alguma maneira estruturado para a recepção da linguagem, é claro.
Das características conhecidas do inconsciente, sua persistência é a mais notável. Todo mundo está familiarizado com a existência dos sonhos que se repetem. Aqui o inconsciente pode ser imaginado como tendo mais do que uma única voz: “Ele não está captando a mensagem, está?”, “Não, ele é cabeça dura. O que você quer fazer?”, “Eu não sei.”, “Quer tentar usar a mãe dele?”, “Mas a mãe dele está morta.”, “Que diferença faz?”.
O que está acontecendo aqui? E como o inconsciente sabe que nós não estamos captando a mensagem? É difícil escapar da conclusão de que o inconsciente está trabalhando sob uma compulsão moral para nos educar. (“Compulsão moral”? Ele está falando sério?)
A evolução da linguagem tem que começar com os nomes das coisas. A partir daí vêm as descrições dessas coisas e as descrições do que elas fazem. O crescimento das linguagens até suas formas e configurações atuais, considerando sintaxe e gramática, possui uma universalidade que sugere uma regra geral. A regra é que as linguagens seguiram suas próprias demandas. A regra é que elas estão carregadas de potência para descrever o mundo. Não existe nada mais para descrever.
Tudo muito rápido. Não existem linguagens cuja forma esteja em estado de desenvolvimento. E suas formas são todas basicamente a mesma, como se houvesse uma língua-mãe da qual todas as outras derivaram.
Nós não sabemos o que o inconsciente é ou onde ele está ou como ele chegou ali – seja lá onde esse “ali” for. A opinião de que os fatos do mundo são, por si só, capazes de modelar o cérebro está pouco a pouco sendo aceita. Será que o inconsciente só chega a esses fatos por meio da gente ou será que ele tem os mesmos acessos aos canais sensitivos que nós temos? Você pode fazer o que você quiser com o “nós” e o “nosso” e esses plurais em primeira pessoa. Eu fiz. Chega um ponto em que a mente precisa gramaticizar os fatos e convertê-los em histórias. Os fatos do mundo, em sua maior parte, não chegam para nós em forma de narrativa. Nós temos que convertê-los.
Então o que estamos falando aqui? Que algum pensador desconhecido sentado em sua caverna chegou um dia e falou: “Uau. Uma coisa pode ser outra coisa”. Sim, é claro que é isso o que estamos falando. Exceto que ele não disse isso porque não existia linguagem com a qual ele pudesse exprimir essas palavras. Naquela hora ele teve que se contentar em apenas pensar. E quando foi que isso aconteceu? Cem mil anos atrás? Meio milhão? Ainda mais tempo? Na verdade, cem mil anos é um ótimo palpite. É a data aproximada dos desenhos mais antigos que conhecemos – encontrados na caverna Blombos, na África do Sul. Esses rabiscos têm tudo a ver com o nosso camarada despertando em sua caverna. Conquanto seja quase certo que a arte tenha precedido a linguagem, ela não a precedeu por muito. Algumas pessoas influentes chegaram a afirmar que a linguagem pode ter surgido cerca de um milhão de anos atrás. Eles só não explicaram o que a gente ficou fazendo com ela durante todo esse meio tempo. O que nós sabemos – praticamente sem sombra de dúvida – é que uma vez que você tem a linguagem, todo o resto flui com bastante rapidez. O simples entendimento de que uma coisa pode ser outra coisa está na raiz de tudo o que fazemos. Desde utilizar pedrinhas coloridas para realizar o comércio de ovelhas até usar marcas simbólicas para representar pedaços do mundo que são pequenos demais para podermos ver.
Cem mil anos é quase que um piscar de olhos. Mas dois milhões de anos não é. Esse é, aproximadamente, o período de tempo durante o qual nosso inconsciente tem trabalhado em organizar e dirigir nossas vidas. E tudo isso sem linguagem, devemos notar. Sem linguagem pelo tempo todo, exceto por esse recente piscar de olhos. Como ele nos diz onde ou quando nos coçar? Nós não sabemos. Nós só sabemos que ele é bom nisso. Mas o fato de que o inconsciente prefere evitar instruções verbais – mesmo quando elas poderiam ser muito úteis – sugere com força significativa que ele não gosta muito da linguagem e até mesmo que ele não confia nela. E por que será? Que tal por causa da ótima e suficiente razão de que ele tem passado muito bem sem ela por um bom par de milhões de anos?
Além de sua grande antiguidade, o modelo pictórico-narrativo de representação privilegiado pelo inconsciente tem o apelo da simplicidade. Uma imagem pode ser relembrada em sua inteireza, enquanto que um ensaio não (a não ser que se trate de uma pessoa com memória fora do comum, caso em que as lembranças, ainda que corretas, só são compreendidas em sua literalidade). Mas a forma pela qual os conteúdos são armazenados na memória é largamente desconhecida. Você pode ler milhares de livros e ser capaz de discutir qualquer um deles sem lembrar uma única palavra do texto.
Quando você faz uma pausa para refletir e fala “deixe-me ver, como posso colocar isso?”, sua meta é ressuscitar uma ideia desse oceano de “sei-mas-não-sei-como” e dar a ela uma articulação linguística a fim de que possa ser expressada. No “como posso colocar isso”, é o “isso” que você deseja “colocar” que é o representativo desse tão amorfo oceano de conhecimento. Se você faz sua explicação para uma pessoa e ela diz que não entendeu, você pode coçar seu queixo e pensar mais um pouco até encontrar outra forma de “colocar” a ideia. Ou não. Quando o físico Paul Dirac era questionado por estudantes que não haviam entendido o que ele tinha acabado de explicar, Dirac simplesmente repetia tudo palavra por palavra.
O modelo pictórico-narrativo (isto é, o modelo de representação baseado em imagens que constituem histórias) leva naturalmente à parábola. Aos contos cujo significado fazem o ouvinte parar para pensar e refletir. O inconsciente se preocupa com regras, mas essas regras precisam da sua cooperação. O inconsciente quer dar orientações para a sua vida em geral, mas ele não se importa com qual pasta de dente você usa. E, ainda que o caminho que ele sugira para você possa ser amplo, nesse caminho não vai estar incluído passar por cima de um penhasco. Nós podemos observar isso nos sonhos. Aqueles sonhos perturbadores que nos fazem acordar de súbito são puramente gráficos. Ninguém fala. São sonhos muito antigos e frequentemente incômodos. Às vezes um amigo consegue enxergar os significados desses sonhos quando nós mesmos não conseguimos. O inconsciente pretende que esses sonhos sejam difíceis de desvendar porque ele quer que a gente pense sobre eles. Quer que nos lembremos deles. E ele não diz que você não pode pedir ajuda. Parábolas, é claro, quase sempre se revelam de modo pictórico. Quando você ouviu o mito da caverna de Platão pela primeira vez, você foi construindo a imagem de uma caverna na sua cabeça.
Vamos dizer de novo: o inconsciente é um sistema biológico, e a linguagem não. Ou ainda não. Devemos ser cuidadosos ao convidar Descartes para a mesa. Além da hereditariedade, a melhor maneira de saber se uma característica é mesmo de nossa concepção é parar para observar se nós a encontramos em outras criaturas. O caso da linguagem é bastante claro. Na facilidade com que crianças pequenas aprendem suas regras difíceis e complexas nós percebemos a lenta incorporação da aquisição.
Eu estive pensando sobre o problema de Kekulé vez ou outra ao longo de vários anos sem ter feito muito progresso. Na manhã seguinte a um dia em que George Zweig e eu fizemos um dos nossos almoços de dez horas de duração, eu estava tirando o cesto de lixo do meu quarto e, enquanto o esvaziava na lixeira da cozinha, eu subitamente descobri a resposta. Ou descobri que descobri. Demorei um minuto ou dois para colocar tudo em ordem. Eu percebi que quando George e eu havíamos passado algumas horas conversando sobre cognição e neurociência, nós não tínhamos chegado a falar sobre o problema de Kekulé. Mas algo na nossa conversa deve ter ativado essas reflexões – as minhas e as do “Modo Noturno”. A resposta, é claro, é simples quando você a conhece. O inconsciente simplesmente não está acostumado em dar instruções verbais, e ele não gosta de fazê-lo. Hábitos de dois milhões de anos são difíceis de desfazer. Depois, quando eu contei a George minha opinião, ele matutou por um minuto ou dois, balançou a cabeça e disse: “parece correto”. O que me agradou muito, porque o George é muito inteligente.
O inconsciente parece saber muita coisa. O que será que ele sabe sobre si mesmo? Será que ele sabe que um dia ele vai morrer? O que será que ele pensa disso? Ele parece representar um aglomerado de talentos, ao invés de apenas um. E parece improvável que o departamento que cuida da coceira também esteja responsável pela matemática. Será que ele consegue trabalhar em vários problemas de uma vez só? Será que ele só tem acesso ao que contamos para ele? Ou – o que é mais plausível – será que ele tem acesso direto ao mundo exterior? Alguns dos sonhos que ele dolorosamente monta para a gente são, sem dúvida, profundamente reflexivos, mas outros são bastante frívolos. E o fato de que ele parece ser menos insistente em nos fazer lembrar de certos sonhos sugere que algumas vezes ele pode estar trabalhando em si mesmo. E será que ele é tão bom assim em resolver problemas ou será que suas falhas ele mantém restrito apenas para seu próprio conhecimento? Como será que ele tem toda essa sabedoria da qual a gente chega até a invejar? Como podemos fazer perguntas sobre ele? Você tem certeza?
Nenhum comentário:
Postar um comentário