sábado, 16 de maio de 2020

O PRAZER NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA

"Aquilo que um cientista faz é composto de dois interesses: o de sua época e o seu próprio. Nessa questão, seu comportamento não é diferente do de qualquer outro homem. As necessidades da época impõem sua forma ao progresso científico como um todo. Todavia, não são essas necessidades que dão ao cientista individual seu sentido de prazer e de aventura e aquela emoção que o leva a trabalhar até altas horas da noite quando todos os outros abandonam o trabalho muito mais cedo. O cientista se encontra pessoalmente envolvido em seu labor, tal como o poeta nas palavras e o artista na pintura. A pintura, em seu surgimento, deve ter sido feita para fins úteis; a linguagem, desde o seu início, foi desenvolvida para a comunicação prática. Todavia, não é possível que um homem maneje a pintura, ou a linguagem, ou os símbolos e conceitos da Física, nem mesmo é possível que ele manche a lâmina do microscópio, sem despertar nele um prazer imediato na própria linguagem, um sentido de explorar a própria atividade. Essa sensação reside na criação em si, é um fim em si mesma" – J. Bronowski, trecho de O Homem e A Ciência.

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